Conselheiros (as) reunidos na sede do CMS-Recife |
Vice-Coordenadora do CMS-Recife, Sônia Pinto. |
A vice-coordenadora do CMS-Recife e também
atual coordenadora da Comissão de Educação Permanente, Sônia Pinto, salientou a
necessidade de buscar a informação e conhecimento sobre os efeitos e pesquisas
relacionadas ao uso das drogas não regulamentadas. "Quando não temos o conhecimento das
informações, das pesquisas, a gente fica a mercê da interpretação das pessoas e
dos nossos próprios julgamentos sem estudo de nada. Precisamos conhecer e reconhecer a importância da
regulamentação, sobretudo da maconha", disse Sônia.
Representante do Coletivo Anti Proibições de PE - Priscila Gadelha |
Para a representante do Coletivo Anti
Proibições de Pernambuco, Priscila Gadelha, a oportunidade é única para um
debate tão necessário e fundamental para o nosso crescimento social e da nossa
futura geração. "Falar de antiproibicionismo é falar de uma
política que há muitos e muitos anos foi negligenciada, que foi deixada de lado
por ser interesse de poucos",
disse Priscila.
Segundo estudos realizados em fevereiro deste
ano, pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, do Ministério da
Justiça, cerca de 70% dos presos por tráfico de maconha tinham menos de 100g do
entorpecente em mãos, isto é, contradizendo o principal objetivo da Lei Anti
Drogas que era de tirar usuários da esfera criminal. Ainda de acordo com o
levantamento, 14% deles estavam com quantidades inferiores a 10g e 97% não
portavam qualquer tipo de arma, ou seja, eram microtraficantes ou simplesmente usuários.
Priscila ainda destacou a existência de
pesquisas relacionadas à (Dietilamida do Ácido Lisérgico), mais conhecido como
LSD, no uso de suas substâncias para o tratamento de transtornos de estresses pós-traumáticos,
isto é, pessoas que viveram situações consideradas terríveis, como cenas de
guerra ou violência doméstica. “Por que a droga leva à saúde e a morte ao mesmo
tempo? Essa é a pergunta que temos que nos fazer quando começamos a falar sobre
drogas. Já existem estudos que fortalecem os nossos discursos, como é o caso do
ecstasy e do LSD, que já vem sendo estudado para uso em pacientes com casos de
falta de controle dos pensamentos negativos sobre os eventos ocorridos,
flashbacks, pesadelos e ansiedades extrema”, disse.
Durante a reunião, Priscila relembrou também do
atual modelo de Lei de Drogas instituída no país em 2006, que são questionadas
pela ineficácia de sua "guerra às drogas". O tema que vem sendo
bastante discutido por questões de segurança pública e saúde teve destaque na
fala de Priscila. “A
única diferença no modelo é o perfil socioeconômico e a cor (raça). É
importante que a gente coloque e entenda definitivamente que essa lei é instintivamente
racial, afinal, a quem interessa o modelo atual de guerra contra as
drogas?", indagou
Priscila.
Ainda na reunião, o representante da Acolher
- Associação Brasileira de Cannabis e Saúde, Pedro Melo, fez uma breve
apresentação dos estudos realizados por ele, em parceria com a Acolher, sobre o uso terapêutico da Cannabis Sativa, nome científico da
maconha, no tratamento de pacientes com fibromialgia, mal de Parkinson,
esclerose múltipla, esquizofrenia, entre outros. "A maconha
não é a porta de entrada, maconha é a porta de saída. Não adianta ficar
gastando energia sendo contra ou a favor, o processo de regularização já está
acontecendo, a discussão agora é o modelo que nós devemos implementar para que
seja acessível a todos e não torne uma monopolização", enfatizou
Pedro.
Pedro Melo - ACOLHER |
Pedro também pontuou a importância de sabermos diferenciar os estudos
sobre os usos terapêuticos, da indução ao uso de entorpecentes indevidamente e
principalmente na dose adulterado ao organismo do individuo. “Não estamos romantizando, é
necessário sim, debatermos o modelo antigo da Lei de drogas e entender que nós
não estamos induzindo ao uso de drogas, mas sim, provando que é funcional. Não
sou eu quem está dizendo, são os estudos, as pesquisas”, afirma.
Ao longo da
reunião, representantes dos Conselhos Distritais de Saúde (CDS) dos Distritos
Sanitários (DS) I, II, III, IV, VII e VIII estiveram presentes debatendo sobre
o tema e interagindo com questionamentos envolvendo a saúde e os interesses da
população. A pauta é levada para seus espaços de convivência de maneira
assertiva para a disseminação da informação, de forma que possam participar
usuários (as), gestores (as), trabalhadores (as), como um ideal para a
construção de todos.
A formação permanente teve cunho informativo e de
interesse geral para todos os Conselheiros e Conselheiras que fazem parte da
construção direta do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Controle Social, levando
conhecimento e informação para todos que eles representam, exemplificando o
antiproibicionismo com a sua importância, fazendo contribuir também para a
articulação com outros movimentos e demandas da saúde complementar, com o
amadurecimento que se insere no contexto da Política sobre drogas.
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