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sexta-feira, 28 de setembro de 2018

"Saúde Mental, Drogas e Antiproibicismo" são temas de Formação Permanente no CMS-Recife

Conselheiros (as) reunidos na sede do CMS-Recife
        Falar de drogas é falar sobre tudo de saúde. É ter ciência que as drogas estão ligadas ao Controle Social, incluindo a saúde como ponto principal de destaque. Pensando nisto, membros da Comissão de Educação Permanente do Conselho Municipal de Saúde (CMS) do Recife, realizaram na tarde da última sexta-feira (21) a Formação Permanente para Conselheiros(as) e representantes dos Conselhos Distritais de Saúde (CDS) com o tema: Saúde Mental, Drogas e Antiproibicismo.
Vice-Coordenadora do CMS-Recife, Sônia Pinto.
            A vice-coordenadora do CMS-Recife e também atual coordenadora da Comissão de Educação Permanente, Sônia Pinto, salientou a necessidade de buscar a informação e conhecimento sobre os efeitos e pesquisas relacionadas ao uso das drogas não regulamentadas. "Quando não temos o conhecimento das informações, das pesquisas, a gente fica a mercê da interpretação das pessoas e dos nossos próprios julgamentos sem estudo de nada. Precisamos conhecer e reconhecer a importância da regulamentação, sobretudo da maconha", disse Sônia.
Representante do Coletivo Anti Proibições de PE - Priscila Gadelha
          Para a representante do Coletivo Anti Proibições de Pernambuco, Priscila Gadelha, a oportunidade é única para um debate tão necessário e fundamental para o nosso crescimento social e da nossa futura geração. "Falar de antiproibicionismo é falar de uma política que há muitos e muitos anos foi negligenciada, que foi deixada de lado por ser interesse de poucos", disse Priscila.
      Segundo estudos realizados em fevereiro deste ano, pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, do Ministério da Justiça, cerca de 70% dos presos por tráfico de maconha tinham menos de 100g do entorpecente em mãos, isto é, contradizendo o principal objetivo da Lei Anti Drogas que era de tirar usuários da esfera criminal. Ainda de acordo com o levantamento, 14% deles estavam com quantidades inferiores a 10g e 97% não portavam qualquer tipo de arma, ou seja, eram microtraficantes ou simplesmente usuários.
        Priscila ainda destacou a existência de pesquisas relacionadas à (Dietilamida do Ácido Lisérgico), mais conhecido como LSD, no uso de suas substâncias para o tratamento de transtornos de estresses pós-traumáticos, isto é, pessoas que viveram situações consideradas terríveis, como cenas de guerra ou violência doméstica. “Por que a droga leva à saúde e a morte ao mesmo tempo? Essa é a pergunta que temos que nos fazer quando começamos a falar sobre drogas. Já existem estudos que fortalecem os nossos discursos, como é o caso do ecstasy e do LSD, que já vem sendo estudado para uso em pacientes com casos de falta de controle dos pensamentos negativos sobre os eventos ocorridos, flashbacks, pesadelos e ansiedades extrema”, disse.
      Durante a reunião, Priscila relembrou também do atual modelo de Lei de Drogas instituída no país em 2006, que são questionadas pela ineficácia de sua "guerra às drogas". O tema que vem sendo bastante discutido por questões de segurança pública e saúde teve destaque na fala de Priscila. “A única diferença no modelo é o perfil socioeconômico e a cor (raça). É importante que a gente coloque e entenda definitivamente que essa lei é instintivamente racial, afinal, a quem interessa o modelo atual de guerra contra as drogas?", indagou Priscila.
Pedro Melo - ACOLHER
         Ainda na reunião, o representante da Acolher - Associação Brasileira de Cannabis e Saúde, Pedro Melo, fez uma breve apresentação dos estudos realizados por ele, em parceria com a Acolher, sobre o uso terapêutico da Cannabis Sativa, nome científico da maconha, no tratamento de pacientes com fibromialgia, mal de Parkinson, esclerose múltipla, esquizofrenia, entre outros. "A maconha não é a porta de entrada, maconha é a porta de saída. Não adianta ficar gastando energia sendo contra ou a favor, o processo de regularização já está acontecendo, a discussão agora é o modelo que nós devemos implementar para que seja acessível a todos e não torne uma monopolização", enfatizou Pedro.
         Pedro também pontuou a importância de sabermos diferenciar os estudos sobre os usos terapêuticos, da indução ao uso de entorpecentes indevidamente e principalmente na dose adulterado ao organismo do individuo. “Não estamos romantizando, é necessário sim, debatermos o modelo antigo da Lei de drogas e entender que nós não estamos induzindo ao uso de drogas, mas sim, provando que é funcional. Não sou eu quem está dizendo, são os estudos, as pesquisas”, afirma.
       Ao longo da reunião, representantes dos Conselhos Distritais de Saúde (CDS) dos Distritos Sanitários (DS) I, II, III, IV, VII e VIII estiveram presentes debatendo sobre o tema e interagindo com questionamentos envolvendo a saúde e os interesses da população. A pauta é levada para seus espaços de convivência de maneira assertiva para a disseminação da informação, de forma que possam participar usuários (as), gestores (as), trabalhadores (as), como um ideal para a construção de todos.
     A formação permanente teve cunho informativo e de interesse geral para todos os Conselheiros e Conselheiras que fazem parte da construção direta do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Controle Social, levando conhecimento e informação para todos que eles representam, exemplificando o antiproibicionismo com a sua importância, fazendo contribuir também para a articulação com outros movimentos e demandas da saúde complementar, com o amadurecimento que se insere no contexto da Política sobre drogas.

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