Após as ameaças de demissões
coletivas de médicos(as) obstetras do Hospital da Mulher do Recife (HMR), a
Comissão Executiva convidou representantes da Secretaria de Saúde (sasau) para
dar esclarecimentos e elucidar o caso. “Essa demanda foi um pedido do colegiado
que viu a necessidade do Conselho entender a situação e se posicionar a
respeito”, disse o coordenador do CMS-Recife, Oscar Correia.
Realizado durante reunião ampliada
na segunda-feira, 21, o encontro contou com a participação do
Secretário-Executivo de Regulação, Média e Alta Complexidade, Aristides
Oliveira, e da Diretora Geral do HMR, Isabela Coutinho, para entender melhor
sobre essa problemática que o hospital vem passando.
“Esse é um espaço importante
para esclarecer e dizer como está essa situação do Hospital da Mulher”, disse
Aristides. “Desde 2019, o Hospital da Mulher foi convertido para atendimento de
alto risco, onde havia a perspectiva de ampliar, em cinco obstetras, os
plantões de 12h”, conta. “Já fizemos algumas seleções simplificadas, mas não
obtivemos êxito no preenchimento dessas vagas”, conclui.
O pedido de demissão
coletiva foi deliberado pelos médicos e médicas, onde os(as) profissionais alegaram
um "cenário de horror", com "cenas de guerra", por conta da
quantidade insuficiente de profissionais e da falta de insumos para atender as
usuárias.
“A pandemia sobrecarregou o
hospital, devido ao fechamento do IMIP”, conta Aristides, que explicou que
existem três maneiras de dar entrada no HMR. “Ou essa mulher entra regulada
pelo Estado, ou dar entrada por conta própria, ou é encaminha pela regulação do
Recife”, explica. “O que houve foi uma sobrecarga no sistema e é preciso dialogar
para encontrar a melhor solução possível. A gente não fecha portas, mas é
preciso avaliar se o volume para o HMR precisa ser melhor calibrado”, avalia.
A Diretora Geral do HMR,
Isabela Coutinho, reconhece o grande número de usuárias no Hospital. “[O HMR] está
superlotado e reconhecemos isso, mas não há cenário de guerra como está sendo
divulgado. Mas, o que acontece é que estamos sendo penalizado por atender
demais. O ônus é da rede e não só de Recife”, conta. Isabela ainda afirma que a
assistência vem sendo dada da melhor forma possível. “Mesmo tendo um crescente
e elevado número de pacientes nas nossas portas de entradas, existe uma equipe extremamente
qualificada para a mulher”, enfatiza.
Isabela também reforça que
essa sobrecarga na equipe é devido as vagas disponíveis para os(as) médicos(as)
obstetras(as) que não têm interesse em ocupá-las. “O maior problema são com os
plantões que não conseguimos ampliar. Temos que fazer uma força tarefa, pois a
vaga existe, precisa que os médicos cheguem”, ressalta afirmando que existe
orçamento para tal finalidade.
Alguns questionamentos
surgiram ao longo da reunião. A conselheira Adeilza Souza perguntou sobre o
percentual de atendimento das mulheres do Recife e de outros municípios. “Hoje,
temos 40% das mulheres sendo munícipes de Recife. Os outros 60% são de outros municípios”,
disse Aristides. Já a conselheira Carmela Alencar, indagou o que os gestores
poderiam fazer para minimizar esses problemas apresentados pelos profissionais.
Em resposta, foi dito que existe a possibilidade de abrir novos leitos para
aliviar os transtornos e que a falta de insumos foi uma questão pontual de
fornecedores, mas que já foi normalizado.
Diante dos fatos expostos, o
coordenador do CMS-Recife, Oscar Correia, perguntou se existe alguma
contribuição do Estado. “Já que atendemos mulheres de outros lugares, existe
algum repasse por parte do Estado?”, disse. Outro ponto que foi levantado foi
referente aos salários dos(as) médicos(as), o que poderia ser uma forma de
justificar a não adesão desses profissionais às vagas disponíveis. “Esses salários
são compatíveis com a especialidade?”, indaga.
Aristides respondeu que,
atualmente, o Estado não faz nenhum repasse e que o Hospital da Mulher recebe
recursos do SUS e do próprio município para se manter. Quanto aos salários dos
profissionais, foi garantindo que os valores são compatíveis.
Oscar ainda perguntou sobre o entendimento com o Ministério Público na audiência realizada na semana passada. Aristides disse que “houve uma escuta”, onde foi pedido para “ter um consenso de modo que a sobrecarga seja atendida”. Segundo ele, “o SIMEPE pleiteia seis vagas, mas temos dificuldade de compor as equipe com cinco”. Como encaminhamento ficaram de “montar uma estratégia, junto com o CREMEPE, que traga algo mais concreto e quais os parâmetros que serão adotados”.
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