O Conselho Municipal de Saúde (CMS) do Recife, concederá uma homenagem a
conselheira Municipal Cleide Barbosa dentro da 12ª Conferência Municipal de Saúde do Recife. O reconhecimento será dado pela sua luta no fortalecimento do
Controle Social dentro da Cidade do Recife. Diante disso, resolvemos contar um
pouco da história dessa mulher, mãe, guerreira e conselheira.
Superação. Talvez essa seja a palavra que defina Rosicleide
Barbosa da Silva. Nascida na Cidade do Recife, em 1977, Rosicleide, ou
simplesmente Cleide, como gosta de ser chamada, vem de uma família, que
totaliza 17 irmãos. Sendo a caçula mulher, Cleide viveu boa parte de sua vida
na capital pernambucana, mas precisamente no bairro de Campo Grande, na
comunidade do Chié.
Filha de servidores públicos, Cleide viu seu mundo dar uma
reviravolta quando sua mãe sofreu um acidente que a deixou impossibilitada de
trabalhar, forçando-a a se aposentar. Devido a depressão, sua mãe procurou na bebida uma saída, mas isso a tornou dependente do álcool. Por incentivo e perseverança de Cleide, deixou o vício. Faleceu em 2010. Contava com a ajuda de sua avó Izabete, uma pescadora natural de Maceió que a
ajudava no cuidados de sua mãe e de seus irmãos. Posteriormente, Cleide também
cuidou de sua avó, falecida em 2000.
O primeiro trabalho que tem lembrança é como zeladora
particular do cemitério de Santo Amaro, onde limpava túmulos e jazidos, já aos
nove anos de idade. Aos 14, influenciada pelo pai, pegou gosto pela política.
Aos 15, fundou o grupo “Pérolas Negras”, que desenvolvia um trabalho voltado
para discriminação social onde ministrava palestras, passeios educacionais,
oficinas ao ar livre, entre outras ações. O grupo era aberto para toda a
comunidade do Chié e os encontros aconteciam na capela de São Sebastião, também
naquela comunidade.
Aos 18 anos, casou-se. Aos 19, passou uma temporada na
Bahia. Aos 20, retornou ao Recife e teve seu primeiro filho. Diógenes Lira de
Oliveira Junior. Recifense, assim como a mãe. Ao todo foram quatro filhos.
Todos prematuros, mas com o mesmo amor.
Tendo o segundo grau completo, Cleide passou pelos colégios
Imaculado Coração de Maria, Poeta Jonathas Braga e Santa Paula Franssinette. Na
adolescência, chegou a fazer cursos de datilografia e espanhol.
Em 1998 ingressou no Grupo Origem onde fazia um trabalho de
incentivo ao aleitamento materno. Sua função era acompanhar as gestantes e seu
empenho lhe rendeu o convite para ser promotora do aleitamento materno.
Permaneceu do grupo por 10 anos.
No final daquele ano, entrou para a pastoral da Criança e do
Adolescente. Participava dos encontros como mãe, mas, devido sua vontade de
aprender, se capacitou e se tornou líder da pastoral por 15 anos.
Começou sua militância como conselheira em 2008 quando
assumiu a representatividade no Conselho de Segurança Alimentar de Olinda. Mas,
seu mandato demorou pouco, pois não se identificou com o trabalho desenvolvido
pelo conselho.
Mas o futuro lhe preparava uma surpresa. Após participar de
uma conferência de saúde, Cleide ficou encantada e teve a certeza que queria
fazer parte do Conselho de Saúde. “Seria a realização de um sonho”, comenta.
Mas não foi fácil ser conselheira. Cleide teve que superar o
preconceito contra si, por se achar inferior aos representantes do Controle
Social. “Os achava [os conselheiros] superiores e também achava que não tinha capacidade de participar de um conselho dessa
magnitude”. Passada a adversidade, aceitou o desafio de ser conselheira
municipal. Cleide conta que participar das reuniões do colegiado do CMS-Recife
a fez sentir como se fosse uma aluna de faculdade.
Rosicleide relembra do seu primeiro dia como conselheira debatendo sobre doenças sexualmente transmissíveis (DST), onde não se intimidou com os demais e levantou questionamentos. Todos a observavam. Todos a encaravam. Todos a assistiam.
Rosicleide relembra do seu primeiro dia como conselheira debatendo sobre doenças sexualmente transmissíveis (DST), onde não se intimidou com os demais e levantou questionamentos. Todos a observavam. Todos a encaravam. Todos a assistiam.
Com um largo sorriso no rosto, Cleide diz que o Conselho de
Saúde é sua casa e nele pode amadurecer, não somente como militante, mas como
pessoa, aprendendo a lidar com as diferenças e com a realidade da saúde. Hoje,
a conselheira está no seu segundo mandato.
Cleide também passou quatro anos como conselheira da Mulher
onde defendia os direitos das mulheres, mas sem radicalidade. Acredita que essa
forma de agir foi devido ao pai machista. Aliás, a própria se acha um pouco
machista. “Eu via o lado humano e não somente o lado da mulher”, comenta.
No CMS-Recife, Cleide representa o Instituto de
Desenvolvimento Social (IDS), uma entidade de âmbito nacional que desenvolve
trabalhos relacionados à cultura, meio ambiente e a saúde. Na entidade, Cleide
comanda o projeto Gincana Ambiental, um trabalho de educação ambiental nas
escolas da comunidade e adjacências. O projeto incentiva as crianças a fazerem
coletas de lixos dentro da comunidade, onde, posteriormente, estudam o processo
de degradação do lixo.
Em 2015, Cleide foi diagnosticada com câncer de mama. Com o
apoio dos amigos, familiares e todo o colegiado do CMS-Recife, tem superado as
adversidades diárias desde que iniciou o tratamento contra a doença.
Hoje, Rosicleide Barbosa da Silva relembra toda
a sua história e se sente realizada por cada caminho trilhado ao longo desses
anos.
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