Em reunião plenária realizada no final do mês de julho, o Conselho Municipal de
Saúde (CMS) do Recife convocou a coordenadora da Política de Saúde Mental do
Recife, Cléo Queiroz, para fazer uma apresentação sobre a política e elencar
quais os objetivos, avanços e desafios que a Saúde Mental passa na capital
pernambucana.
A
gerente da Política, Cléo Queiroz, foi convidada para mostrar os cuidados
prestados pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no Recife. Segundo Cléo, a
RAPS prima pelo “Cuidado em liberdade e de forma longitudinal, com emancipação
dos sujeitos e inclusão social”. Tendo como princípios norteadores os direitos
humanos, responsabilidade sanitária, desinstitucionalização, reabilitação
psicossocial e redução de danos, a política tem a finalidade de implementar
ações com base no modelo assistencial psicossocial, sempre voltado para a
melhoria da qualidade de vida e garantia dos direitos das pessoas com
transtorno mental e usuários de álcool, fumos e outras drogas.
Aberto
o debate, a conselheira Micheline Moraes ressaltou que este é um momento
histórico para o Conselho. “Levando em consideração os retrocessos que a
política vem passando, esse espaço talvez seja o único, hoje em dia, em que
podemos falar abertamente das nossas insatisfações”, dispara. Na sua fala,
Micheline diz que é preciso ter uma discussão constante sobre a temática.
“Precisamos construir uma agenda de discussão continuada e sugiro que seja
criada uma comissão temporária para acompanhar os desdobramentos dessa
reunião”.
Para
a conselheira Sônia Pinto, os gestores devem se fazer mais presentes nas
efetivações das políticas. “Os gestores devem sair de seus gabinetes e ir para
a ponta saber o que a população esta passando”, afirma. Já a conselheira Vera
Lúcia foca sua intervenção na alimentação que são servidas nos CAPS. “Desde
quando fui conselheira em outros colegiados pedi reuniões para discutir sobre a
alimentação oferecida nos CAPS. Quero saber o que a empresa oferece aos órgãos,
pois, mesmo com tantas reclamações ainda continua sendo a responsável pela
disponibilização da alimentação”, indaga.
Em resposta, a gestão se prontificou em abrir um processo administrativo para verificar essas possíveis irregularidades quanto a oferta da alimentação para os CAPS. Quanto aos demais problemas apresentados (infraestrutura, falta de transporte, recursos humanos, falta de medicamentos, entre outros) a gestão já está criando estratégias imediatas para resolução dos mesmos.
Em resposta, a gestão se prontificou em abrir um processo administrativo para verificar essas possíveis irregularidades quanto a oferta da alimentação para os CAPS. Quanto aos demais problemas apresentados (infraestrutura, falta de transporte, recursos humanos, falta de medicamentos, entre outros) a gestão já está criando estratégias imediatas para resolução dos mesmos.
O
visitante Agenor, pai de um usuário do CAPS Boa Vista, agradeceu pela
assistência prestada ao seu filho, mas fez um apelo. “Fechou-se os hospitais de
assistência ao dente mental e, com isso, nossos pacientes foram para o leito
dos nossos lares. Pais e mães sem nenhuma qualificação para cuidar dos nossos
filhos. Estamos na situação de despreparo total”, disse, pedido para que a
gestão estude uma forma de ajudar as famílias a tratar e conduzir seus filhos.
O
ACS e conselheiro Distrital de Saúde do Distrito Sanitário VII, Fernando
Severino, fez um alerta quanto a criação das Comunidades Terapêuticas. “O que
está acontecendo é o desmonte da RAPS na cidade e em troca querem que a gente
pense que as comunidades terapêuticas são a solução e não é”, afirma. “Querem
empurrar de goela abaixo essas comunidades, mas precisamos lutar para que
tenhamos liberdade para ir para onde quiser e precisamos dar apoio aos
familiares”, finaliza. Para Fernando, o serviço deve ser laico, aberto e
público, onde deve ser de qualidade e que garanta os direitos dos usuários
(as).
Como
encaminhamentos, o CMS-Recife irá instituir um Grupo de Trabalho para
acompanhar as demandas da Política de Saúde Mental. Além disso, o colegiado
convidou os gestores para fiscalizar os CAPS, junto com a Comissão de
Fiscalização do CMS-Recife, para ver as instalações e provar da comida que é
servida nessas unidades. O CMS-Recife também irá pedir o mapeamento dos
usuários que são atendidos nos CAPS segmentados por raça/cor, identidade de
gênero, pessoa idosa e com deficiência.
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