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terça-feira, 28 de agosto de 2018

Saúde LGBT é tema de Roda de Diálogo

 
        “Existe uma lacuna muito grande entre a compreensão a vários fatores dessa população [LGBT]. Desde a porta de entrada às Unidades de Saúde da Família até às falhas das redes”. Foi com essa reflexão que a conselheira e coordenadora da Comissão de Educação Permanente do Conselho Municipal de Saúde (CMS) do Recife, Íris Maria, iniciou a abertura da Roda de Diálogo, realizada na última quinta-feira (23), que teve como pauta, a discursão e identificação de melhorias para a saúde da População LGBT.
     Também presente na Roda de Diálogo, o coordenador do CMS-Recife, Cristiano Nascimento, aproveitou a oportunidade e fez uma reflexão sobre o debate. “Esse é um momento que nos permite entender que essa é a realidade de vários, onde temos que identificar e dar o suporte técnico necessário. É um momento ideal para formação e construção coletiva”, disse.
       Convidada para o debate, a representante da Política Municipal de Saúde a População LGBT do Recife, Tarcilla Sousa, trouxe a necessidade de aprofundar o tema que tem o objetivo de enfrentar as injustiças e as desigualdades na saúde com foco na população LGBT e consolidar o Sistema Único de Saúde (SUS) como igual, universal, integral e equânime para todos.
       Em sua fala, Tarcilla esclareceu dúvidas a respeito das dificuldades de acesso e reconhecimento, a exemplo das pessoas transexuais e travestis, que vivem expostas a riscos, que hora ou outra, levaria a morte. “Travestis morrem desde década de 60, 70. As travestis estão morrendo por uso indevido de silicone há muitos anos. Isso é um problema de saúde pública e precisamos entender e capacitar todos que trabalham direta e indiretamente com essa população”, disse, se referindo à inclusão da diversidade em todos os ambientes.
         A falta de informação é um grande problema enfrentado pela Política e isso foi sentido nas falas dos presentes. “Não existe um material informativo para dizer aos usuários que existe uma política direcionada para uma população específica”, disse Rosangela Berto, secretária-Executiva do Conselho Distrital de Saúde (CDS) II. Para Rosangela, é preciso ter alguma campanha direcionada para dar visibilidade para a Política.
       Outro ponto amplamente discutido foram os desafios enfrentados pelos LGBT no seu dia a dia nas Unidades de Saúde. Desrespeito, falta de humanização por parte dos profissionais, preconceito atrelado à religião, são alguns dos pontos que foram relatados durante a roda de diálogo. A conselheira Leonilde Cunha, também lembrou que os terreiros de matriz africana são negligenciados e que essa questão precisa ser revista. “Precisamos levar esse tipo de conhecimento para os terreiros, onde podemos falar sobre AIDS e sífilis para a comunidade, uma vez que muitos dos que frequentam os terreiros são homossexuais e lésbicas e acho que é necessário ter uma orientação para que entendam o processo de prevenção, diagnóstico e tratamento”, disse.
        Também convidada para o debate, a representante do Coletivo ‘Vamos de Preto!’, Gabriela Conde, desmistificou um pouco a bissexualidade. “Precisamos retirar o estigma que ser bissexual é ser promiscuo. Não é bem assim. Hoje estou num relacionamento com um homem, mas posso, também, me apaixonar por uma mulher e querer viver com ela”, disse. A inclusão e aceitação por parte da sociedade é a grande barreira para o “B” da sigla LGBT. “As perdas não são somente físicas [como uma agressão], mas também são as negligências [descaso na saúde] e aspectos psicossociais”, finaliza Gabriela.
     Embora haja toda uma problematização quanto à saúde da população LGBT, é importante ressaltar que Recife possui um ambulatório LBT e o ambulatório LGBT – Patrícia Gomes que funcionam no Hospital da Mulher e na Policlínica Lessa de Andrade, respectivamente, e esses serviços são de suma importância para manter essa população assistida.
       A Roda de Diálogo contou com a participação de conselheiros(as) do CMS-Recife, representantes dos Conselhos Distritais de Saúde (CDS), dos Distritos Sanitários, do Coletivo de Lésbicas e Mulheres Bissexuais de Pernambuco (COMLESBI/PE) e da ONG Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero.
     A pauta trouxe para o debate, a real necessidade de entender o novo espaço conquistado pela população LGBT, juntamente com a importância de estar sempre em harmonia com o próximo e de conhecer o movimento como um todo, trabalhando para quebrar os paradigmas e o tabu que a sociedade ainda impõe. Alguns encaminhamentos foram dados e a comissão de Educação Permanente irá fomentar uma campanha para dar maior visibilidade à Política, além de convidar os CDS para uma reunião específica para ampliar o conhecimento sobre a população LGBT.

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